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Gramado do Maracanã foi muito criticado após o jogo entre Flamengo e Grêmio

Data Fifa dá respiro a gramados castigados por excesso de jogos e eventos

Bastante criticado, Maracanã só reabrirá no dia 24; jogo do Fluminense do 21, contra o Atlético-MG, será em Volta Redonda

Por Tatiana Furtado

Não foram só os jogadores— com exceção daqueles convocados — que ganharam um respiro nesses 10 dias de data Fifa. Os gramados de todo país agradecem o período de descanso, que, para os mais maltratados, será de recuperação e pequenas reformas. O principal deles, e um dos mais criticados pelas condições do piso, até pediu um tempo extra. Fechado desde a vitória do Flamengo sobre o Grêmio, no último domingo, o Maracanã só reabrirá no dia 24 deste mês para receber Fluminense x Bahia. O retorno estava previsto para o dia 21, mas a partida entre o tricolor e o Atlético-MG será em Volta Redonda.

Serão quase duas semanas para plantar as sementes de inverno, conforme previsto no cronograma da concessionária. Há um mês, o Maracanã contratou uma consultoria que já havia diagnosticado que haveria um maior desgaste no gramado no início deste mês pelo excesso de uso — foram cinco jogos em 11 dias — e pela época do ano, com temperaturas mais baixas e menor incidência de luz solar.

Os reparos não são garantia de que os jogadores terão um tapete verde até o fim do ano — logo após a volta já serão quatro jogos seguidos em pouco mais de dez dias. Utilizado por Flamengo, Fluminense e pelo Vasco, esporadicamente, o Maracanã já recebeu 39 partidas neste ano. É, disparado, o estádio da Série A com maior número de jogos. Se os times avançarem nas competições, o número pode se aproximar dos 70, e aí não há manutenção que resista, mesmo com 10% da grama sendo híbrida. Para termos de comparação, o Estádio San Siro, também chamado de Giuseppe Meazza, dividido por Milan e Inter de Milão, recebeu pouco mais de 50 jogos na última temporada.

Buracos, grama nada verde e faixas do campo extremamente desgastadas não são exclusividade do Maracanã. Em Belo Horizonte, os três times da Série A têm sofrido com as péssimas condições do campo de jogo. Tanto que os dois principais estádios da cidade estão usando a paralisação para manutenção e recuperação do gramado.

Até o dia 20, o Mineirão vai promover a troca de grama em algumas áreas e aproveitar o intervalo maior de descanso para aplicar técnicas de conservação que já fazem parte do dia a dia. O problema do Gigante da Pampulha não é o excesso de jogos, mas de shows. A concessionária fechou uma agenda de eventos que tem tornado o uso do estádio incompatível com o futebol.

Desde o início do ano, já foram mais de dez eventos, entre shows e festivais, que impactaram diretamente na realização de partidas. Por causa das condições do gramado na vitória sobre o Carabobo, em março, pela primeira fase da Libertadores, o Atlético-MG foi multado em 10 mil dólares (cerca de R$ 50 mil) pela Conmebol. No início de maio, a entidade vetou o confronto com o Alianza Lima, pela fase de grupos, pelo mesmo motivo e o jogo foi realocado.

No final daquele mês, as imagens do gramado após um festival de samba, com vários remendos, às vésperas da partida contra o Athletico, pela competição continental, chamaram a atenção, mas o jogo foi mantido no Mineirão.

A Minas Arena, que gerencia o Mineirão, alega que até o fim do primeiro trimestre de 2023 não havia reservas de datas de jogos no estádio por parte dos clubes. O Cruzeiro havia assinado acordo de fidelidade com o Independência e o Atlético-MG aguardava a inauguração da sua arena, ainda sem data para acontecer. Segundo a concessionária, o planejamento tardio tem trazido desafios para o manejo do gramado.

Por causa dos eventos e do mau estado do campo, o Independência tem sido a opção para os dois times. Um problema para o América-MG, que manda seus jogos lá. Até agora já foram 24 partidas e o estádio também está aproveitando a paralisação para fazer a troca do gramado, que começou no último dia 7 e vai ter manutenção até o dia 24.

Por isso, o Coelho teve de jogar a última rodada no Mineirão, logo depois de mais um evento recebido pelo estádio. Motivo de reclamação do técnico Vagner Mancini antes do empate com o Athletico:

— Me preocupa (situação do gramado do Mineirão), porque hoje em dia a gente não aceita mais jogar em um campo que não esteja bom, né. Mas, infelizmente, a gente não pode jogar no Independência e óbvio que vamos ter que encarar da mesma forma.

Outros estádios vivem problemas semelhantes ao serem divididos por dois ou mais times. Caso da Arena Castelão, de Fortaleza e Ceará, que já recebeu 25 partidas este ano em sete competições (Séries A e B, Copa do Brasil, Libertadores, Copa do Nordeste, Sul-Americana e Campeonato Cearense). Por estarem em divisões diferentes, é normal que haja jogos em dias seguidos.

O local já havia passado por reforma geral no final do ano passado. Houve troca do gramado e melhora no sistema de irrigação. Neste momento, terá apenas manutenção, como adubação e corte da grama, segundo o governo.

— Por os dois clubes terem uma agenda muito intensa fica difícil manter o gramado no melhor nível. Houve a reforma ano passado, mas por causa do jogo do Fortaleza, em março, pela Libertadores, a volta do gramado teve que ser antecipada. O ideal era ter mais 30 dias para o gramado pegar. A tendência é que com a paralisação melhore. A curto prazo, não vejo forma de diminuir o uso — diz o presidente do Fortaleza, Marcelo Paz.

Segundo o dirigente, os melhores gramados do país são aqueles que só um time usa, como Neo Química Arena (Corinthians) e Beira-Rio (Internacional). Esses times fizeram, em média, 15 jogos.

Entre as exceções dos estádios com muitos jogos e eventos que mantêm um bom gramado estão Palmeiras, Athletico e Botafogo, que usam grama sintética de mais fácil manutenção.

O Allianz Parque, por exemplo, recebeu mais de 20 jogos, contando masculino, feminino e base, e sete shows.

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