PÉ NO FREIO...

 Entenda por que o Flamengo não está voraz no mercado na primeira janela de 2025

Clube se habituou a investir pesado nos últimos anos, mas ainda não contratou ninguém

Por Emanuelle Ribeiro e Thiago Lima — Rio de Janeiro


Mas o que explica o atual mercado zerado do Flamengo até aqui? Em dezembro de 2023, o Rubro-Negro já tinha anunciado a contratação de De la Cruz como presente de Natal. E na gestão do presidente Rodolfo Landim o clube ficou marcado por investir pesado por reforços: foram mais de R$ 1 bilhão durante os seis anos do mandato (veja no gráfico abaixo).

O torcedor rubro-negro que ficou "mal acostumado" com a média de quase sete contratações por ano pode estar estranhando este início de 2025. Mas há explicações para o cenário atual, digamos, mais cauteloso.

"Janela antecipada"

Mesmo que a diretoria anterior tivesse vencido a eleição, o panorama de mercado não seria diferente de hoje. A gestão passada considera que precisou antecipar a janela de janeiro para setembro por causa das muitas lesões de jogadores importantes, como Pedro, Cebolinha e Luiz Araújo.

Foram investidos R$ 132,5 milhões nas contratações de Alcaraz, Alex Sandro, Michael e Plata. E os dirigentes que estavam no clube na época acreditam que esse movimento foi crucial para reforçar o time e possibilitar a conquista do título da Copa do Brasil.

Apesar da gestão Landim ter feito um orçamento para 2025 prevendo 20 milhões de euros (R$ 127,5 milhões) para contratações, a ideia dos dirigentes que estavam no clube para a primeira janela do ano era só buscar um substituto para Gabigol, que não renovou contrato e foi para o Cruzeiro, e repor outras eventuais saídas.

Caixa apertado

O novo presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap, encontrou um Flamengo com altas projeções de receita e lucro, porém, com um caixa apertado na virada do ano. No orçamento feito pela gestão Landim, estava previsto começar o ano com apenas R$ 3 milhões em caixa. A título de comparação, o saldo nas contas bancárias no início de 2024 era de R$ 138 milhões.

A explicação para isso está em dois pontos: o pagamento à vista de R$ 146 milhões na compra do terreno do Gasômetro para a construção de seu estádio; e a não venda de nenhum jogador na última temporada (o orçamento de 2024 previa R$ 103 milhões de receita com negociação de atletas).

- O dólar bateu R$ 6,27. Temos um descasamento entre o que a gente vendeu e o que a gente comprou de quase 20 milhões de euros. O Flamengo tem que vender mais do que compra, tem que vender mais e melhor do que fez até agora. O fato de termos contratado jogadores de moeda forte nessa segunda janela e não termos vendido ninguém causou um descompasso. É desconfortável, teremos que fazer arranjos e muitas vezes temos que dar dois passos atrás para dar mais à frente depois. É preocupante, mas não é fatal - disse Bap no dia da posse, em 18 de dezembro.

A situação não é desesperadora, tanto que na última quinta-feira o Flamengo recusou duas propostas: uma de 5 milhões de euros (R$ 31,8 milhões) do Cruzeiro por 50% dos direitos econômicos de Fabrício Bruno e outra de 15 milhões de euros (R$ 95,6 milhões) do Aston Villa, da Inglaterra, por Wesley.

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