Botafogo exorcizou fantasmas com atuação irretocável liderada pela dupla de volantes
Gregore e Marlon Freitas foram fundamentais após o gol e ajuste de posicionamento ainda no primeiro tempo
O Botafogo teve uma noite para chamar de histórica após vencer o Palmeiras por 3 a 1, no Allianz Parque, e retomar a
liderança do Campeonato Brasileiro. Agora, o Glorioso se prepara para a
disputa da final da Libertadores e precisa somar quatro pontos nos últimos dois
jogos restantes para levar o título do Brasileirão.
Mais que a
vitória, o Fogão exorcizou fantasmas. Venceu o confronto direto após o fatídico
4 a 3 do ano passado. Mostrou muito mais nervos que o adversário. Adryelson,
expulso no ano passado, entrou no lugar de Bastos e teve atuação irretocável,
com direito a gol no fim.
Dentre
tantos craques, o jogo chamou a atenção para dois: Gregore e Marlon Freitas.
Antes do gol de Gregore, o Fogão era envolto por um Palmeiras ligado e que se movimentava muito no lado esquerdo. Felipe Anderson, Veiga e Caio Paulista conseguiam acionar Rony e Estêvão, e o mandante parecia ter o controle da partida. Sem a bola, o Palmeiras sufocava a saída e não deixava os dois volantes pegarem na bola, retomando rápido a bola. Na imagem, você vê a pressão do Palmeiras nesses minutos inciais.
O gol de Gregore mudou totalmente a partida. O Botafogo teve a chance de jogar a pressão todinha para o lado de lá. E também teve a oportunidade de jogar do jeito que mais gosta: roubando a bola e acelerando (muito) as jogadas com o quarteto rápido e incisivo.
Com o Palmeiras obrigado a sair mais, coube a Gregore e Marlon fecharem a casinha. O posicionamento dos dois funcionou muito bem no primeiro tempo: atuaram bem próximos, próximos da defesa. Com isso, Savarino e Igor Jesus não precisavam voltar o tempo todo. Ficavam na intermediária, prontos para ganhar a segunda bola e acelerar.
O Botafogo que tinha perdido a liderança tinha dificuldades de jogar contra retrancas. E quando o adversário precisa sair e deixa espaço, como foi contra o Peñarol na Libertadores? É aí que a festa começa.
A
movimentação do quarteto faz a diferença: se um tem a bola, como Luiz Henrique
no lance abaixo, o restante começa a correr em espaços vazios e chega de trás,
sem o adversário perceber. Foi assim com Marlon Freitas na Liberta e com
Savarino, talvez o craque desse campeonato. O segundo gol, já com o Botafogo em
superioridade, se deu numa chegada.
O terceiro gol, de escanteio e já com o jogo decidido, definiu a partida. Além do posicionamento dos dois melhores volantes do Campeonato Brasileiro, que ao fecharem a casinha, conseguiram deixar o quarteto pronto para a correria. Abel tentou povoar o setor dos dois com Maurício e depois Dudu, que entrou como ponta e busca ao lado.
Nada funcionou. O Bota mandou e desmandou no jogo do jeito que melhor joga: com os dois volantes bem próximos, liberando o quarteto para corridas e movimentações. É o time que melhor representa aquele estilo de "ataque direto", tão bem quisto por treinadores portugueses e que pintou aqui com Joge Jesus, Abel e tantos outros. Poucos toques, muita explosão física e volume de jogo.
O
diferencial é encontrar jogadores capazes de jogar nesse ritmo e volantes que
conseguem executar a defesa que a imagem abaixo pede e a armação de jogadas que
o futebol exige. Marlon e Gregore estão longe de serem camisas 5 tradicionais,
até porque a lei no Brasileirão é outra: a jogada começa neles. Qualidade e
força em um só lugar.
Uma vitória histórica na medida que essa equipe constrói história mais uma vez. A possibilidade de vencer Brasileirão e Libertadores após rebaixamentos, anos de quase e o trauma do ano passado está cada vez mais viva. Trauma esse que fica menor após um "exorcismo" tão merecido por sua torcida.
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